A Tal Música Regional

- Quem segue a carreira da música regional pode se transformar em pop sim. Mas é uma opção profissional pra quem gosta de ciência, pois envolve pesquisa de campo e muito estudo, muito interesse na cultura popular, e uma boa dose de resignação. 
Mas veja, pra você que está começando...
Temos milhões em editais para projetos culturais no âmbito municipal, estadual e federal, além de editais empresariais como Natura, Itaú, Vale, Petrobrás e outras...temos claro o mecenato, nesse caso o artista é patrocinado por quem gosta e acredita nele.
Algumas pessoas podem pensar que é fácil mas é uma doação de vida. Você só ganha o quanto trabalha, tem que fazer carreira e nome sem esperar pela grande mídia.
Todo Estado tem sua música representativa, uma característica da nossa é que temos certa fartura, e incrivelmente a música de mídia nasce da desgraça, pois ela é um grito contra preconceitos, fome, seca etc ... você pode pensar que não tem nada haver né? Mas se você dança forró hoje agradeça a fome e genialidade de Luiz Gonzaga.
Tem gente que pensa que não trabalhamos, mas nos vendemos de 2 a 3 mil cópias de CDs por ano, aliás uma mídia ultrapassada, não estamos por enquanto nas plataformas digitais quase de propósito, as plataformas só funcionam pra gente como divulgação, financeiramente funciona para grandes produções.
Minha música e a de Zé Miguel por exemplo, toca dezenas de vezes por dia em bares, rádios e mídias digitais. Só que em Macapá não se paga direitos autorais, aí já viu né? Sou feliz com meu trabalho graças a um público de milhares de pessoas que escutam nossa música por toda Amazônia e Brasil, ás vezes toco pra poucas pessoas com o mesmo entusiasmo que toco para milhares, não gosto muito de sair daqui, mesmo assim, já cantei em outros países e estados brasileiros, tenho mais de 200 apresentações pela vida, acredite todos os dias recomeço, claro que gostaria de ser conhecido.
Aproveito para agradecer a Rui Godinho, grande pesquisador e escritor brasileiro que colocou nossa música na história da MPB através de sua obra "ENTÃO FOI ASSIM?".
Então levante e vá a luta.
Quanto a moça Alice Sá, eu a conheci assim como conheço Ariel Moura e torço por elas. Temos grades intérpretes femininas, temos a premiada e genial Patrícia Bastos, temos a franco paramapaense Lia Sofia, eu estou na estrada a mais de 30 anos.
Desejo novos talentos que tragam no coração tal amapalidade, pois nos precisamos mostrar ao Brasil a terra e o povo belo que somos, pois essa é a ideia da tal música regional.

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